Boa e má cortesia, segundo Gracián

Não aceitar cortesia como pagamento. É uma espécie de logro. Alguns, para lançar um feitiço, não precisam de ervas mágicas da Tessália. Ao tirar o chapéu do jeito certo, encantam os tolos, quero dizer, os vaidosos. Vendem honra e pagam as dívidas com uma lufada de palavras bonitas. Aquele que promete tudo promete nada; as promessas são uma armadilha para tolos. A verdadeira cortesia constitui um dever, a cortesia falsa, um logro, e a cortesia excessiva não é dignidade, mas dependência. Quem a pratica curva-se não à pessoa, mas à riqueza e à lisonja; não às boas qualidades, mas a favores esperados.

sirva a boa cortesia gelada!