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terça-feira, 31 de agosto de 2010

Índice de felicidade bruta? Como assim?

Na segunda quinzena de agosto, o bureau de crédito Serasa Experian prevê a divulgação de um indicador inédito no mercado de trabalho brasileiro. A empresa tornará público o primeiro índice de felicidade de seus profissionais. A ação pioneira no ambiente corporativo do país é ousada por pretender mensurar um conceito tão subjetivo como a felicidade.
"É um índice inédito em termos de mercados. É uma ferramenta abusada", reconhece o diretor de desenvolvimento humano da empresa, Milton Luís Pereira. E por que um grupo que atua, prioritariamente, com informação sobre crédito estaria preocupado em formular estatísticas sobre felicidade? "A ação é parte de nossa gestão humanista. Não ficamos apenas focados nos processos tradicionais de RH", alega. "As pessoas não são números. Elas sentem. Têm seus problemas motivacionais. Têm afetividade. Profissionais felizes trazem mais e melhores resultados", conta.
O índice será gerado por meio de pesquisas bimestrais com os 2,6 mil colaboradores da companhia no Brasil. Será aplicado um questionário, anônimo, no qual quem responder dará notas de 1 a 10 para três perguntas: "Você é feliz na empresa?", "Você é feliz na sua área?" e "Você é feliz com seu líder imediato?". Haverá, também, um campo para comentários.
Com os resultados em mãos, começará a segunda fase do trabalho: entender e solucionar as características de infelicidade dos profissionais. "É preciso reconhecer que há pessoas infelizes na empresa", admite Pereira. "O índice nos dará a possibilidade de construir planos de ação para eliminar essa infelicidade." Por esses planos, o executivo entende o oferecimento de coaching, palestras, aprimoramento da liderança, entre outros. "Por vezes, as pessoas estão desajustadas em suas funções. Não têm prazer no que fazem", observa Pereira. Ele lembra a importância de se evitar o que chama de "Síndrome da Carolina", da música de Chico Buarque, que diz: "(...) o tempo passou na janela e só Carolina não viu (...)." "Tem gente que deixa o tempo passar e não se atualiza. Não podemos ter medo de ser felizes. Então, quero saber, aqui e agora, como as pessoas estão."
A reflexão sobre a felicidade tornou-se vital para os ambientes corporativos, como atestam pesquisadores acadêmicos (ver mais em Estudos pelo mundo na pág. 116. "Particularmente quando estamos numa economia em que as relações do trabalho são cada vez mais precárias", pontua Gazi Islam, professor de comportamento organizacional
do Insper, Instituto de Ensino e Pesquisa, antigo Ibemec São Paulo.

Além da condição monetária

Norte-americano de nascimento, Islam está no Brasil há quatro anos. Nesse tempo, foi coautor da pesquisa Objective and subjective indicators of happiness: The mediating role of social classes, trabalho financiado pelo Banco Mundial e instituído para medir o índice de felicidade em três cidades: Bogotá (Colômbia), Belo Horizonte (Brasil) e Toronto (Canadá). O levantamento contemplou aspectos objetivos, como o consumo, nas classes sociais; além de questões relacionadas à subjetividade, como a pessoa se sente inserida na sociedade. Foram analisadas 576 pessoas na capital mineira. "Em termos comparativos, Belo Horizonte era menos feliz do que Bogotá e Toronto. Esse resultado surpreendeu, quando se leva em consideração o estereótipo feliz do brasileiro", afirma o pesquisador.

As conclusões indicam, para Islam, que ser feliz não é meramente uma condição monetária. "Se dinheiro fosse o fator preponderante, a lógica seria obter resultados similares entre Bogotá e Belo Horizonte. O que não aconteceu. A capital colombiana teve índices mais próximos da cidade canadense." Para ele, parte do problema é a questão cultural do entendimento da felicidade, diferente em cada país. "Ser feliz é quase um julgamento moral sobre as pessoas", observa o professor do Insper.

A interpretação sobre o tema ganha contornos mais complexos quando o conceito de felicidade é confundido com o estado emocional de alegria momentânea, em detrimento da condição perene de realização. "Nas análises sobre esse tópico, é importante ficar claro o conceito usado de felicidade", diz Islam. Especificamente no que tange às relações organizacionais, gerenciar as questões de bem-estar no trabalho é fundamental para manter o comprometimento dos trabalhadores no ambiente profissional e, por consequência, aumentar o grau de felicidade. "É uma questão motivacional importante para o cenário econômico", diz Islam.

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